Cientistas detectam que exoplaneta gira em velocidade de 100 mil km/h
Cientistas detectam que exoplaneta gira em velocidade de 100 mil km/h
Com ajuda de supertelescópio, astrônomos constataram que um dia do Beta Pictoris b tem apenas 8 horas de duração
Planeta Terra, com seus dias de 24 horas de duração, gira em velocidade de "apenas" 1700 km/h
O exoplaneta “Beta Pictoris b” se situa a cerca de 63 anos-luz de distância da Terra L. Calcada / N. Risinger/AFP
WASHINGTON - Se você é desses que ficam tontos só de observar um carrossel em movimento, não planeje uma viagem para o exoplaneta Beta Pictoris b. Com o auxílio de imagens do telescópio Very Large Telescope do ESO (VLT), astrônomos conseguiram, pela primeira vez, determinar a taxa de rotação de um objeto desse tipo. O astro tem um dia que dura apenas 8 horas. É um ciclo menor do que o de qualquer planeta do Sistema Solar.
Exoplanetas são planetas que não giram em torno do sol, ou seja, estão fora do nosso sistema. Mesmo com uma massa 3 mil vezes maior que a da Terra, o Beta Pictoris b - que fica a 63 anos-luz de distância – gira a uma velocidade de 100 mil km/h. Essa foi a inédita constatação de um grupo de cientistas da “European Southern Observatory”.
O Beta Pictoris b está em órbita da estrela Beta Pictoris, que é visível a olho nu, e fica na constelação austral do Pintor - localizada no Hemisfério Celestial Sul. Ele foi descoberto há quase seis anos, tendo sido um dos primeiros para o qual se conseguiu obter uma imagem direta. A distância que ele mantém para sua estrela é de apenas oito vezes o espaço que separa a Terra do Sol.
Velocidade de rotação
Com o auxílio do instrumento CRIRES montado no VLT, uma equipe de astrônomos holandeses da Universidade de Leiden e do Instituto Holandês de Investigação Espacial (SRON, na sigla em holandês) descobriram que a velocidade de rotação equatorial do exoplaneta “Beta Pictoris b” é de quase 100 mil km/h. Comparativamente, o equador de Júpiter tem uma velocidade de cerca de 47 mil km/h, enquanto o da Terra viaja a apenas 1.700 km/h. O exoplaneta é mais de 16 vezes maior que a Terra - e tem a massa quase 3 mil vezes superior.
- Não sabemos porque é que alguns planetas giram mais depressa que outros. Mas esta primeira medição da rotação de um exoplaneta mostra que a tendência observada no Sistema Solar de que os planetas de maior massa giram mais depressa, pode aplicar-se de igual modo aos exoplanetas. Isso nos leva a pensar que este efeito deve ser alguma consequência universal do modo como os planetas se formam - disse na constatação do estudo o coautor da pesquisa, Remco de Kok.
Com “apenas” 20 milhões de anos, o Beta Pictoris b é considerado um planeta muito jovem. A Terra, por exemplo, tem 4,5 bilhões de anos. Com o passar do tempo, os cientistas acreditam que o exoplaneta arrefeça e encolha, o que fará com que ele gire ainda mais depressa. Por outro lado, outros tipos de processos podem influenciar nesse ritmo. Na Terra, por exemplo, a velocidade de rotação está diminuindo por consequência das interações das marés com a nossa Lua.
Técnica inédita
Para calcular a velocidade de rotação do “Beta Pictoris b”, os astrônomos usaram uma técnica muito precisa chamada espectroscopia de alta dispersão para separar a luz nas suas cores constituintes - diferentes comprimentos de onda no espectro. O princípio do efeito Doppler (ou desvio de Doppler) permitiu que a equipe utilizasse a variação em comprimento de onda para detectar que as diferentes partes do planeta estavam se movendo a velocidades diferentes e em direções opostas relativamente ao observador. Retirando cuidadosamente os efeitos da estrela progenitora, muito mais brilhante, conseguiram extrair o sinal correspondente à rotação do planeta.
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