A história, narrada pelo agricultor Antônio Gerônimo da Costa, de 65 anos, em tom bem humorado, aconteceu no dia 18 de janeiro 1986, no sítio Campineiro, na divisa entre os municípios de Pirpirituba e Pilõezinhos, no Brejo paraibano. Lembrando do medo e pavor de que foi tomado naquele momento, ele, com muita vitalidade, arriscou um palpite sobre o que teria acontecido. “Eles queriam me levar pra tirar raça lá em cima”, brincou.
O fenômeno, segundo Antônio Gerônimo, teria durado cerca de 10 minutos e, quando questionado sobre o tamanho do objeto voador que o teria perseguido, ele arriscou compará-lo ao de uma carreta, só que em formato de disco. A história contada pelo agricultor é apenas mais uma na comunidade, localizada a 10 quilômetros de Guarabira, que chegou a ser considerada, na década de 90, a capital mundial dos discos voadores.
Os relatos sobre pessoas do Sítio Campineiro que teriam sido perseguidas e até abduzidas (seqüestradas por extraterrestres) são comuns. “Acredito nisso, não, mas conheço muita gente que já viu”, disse uma dona-de-casa, que não quis se identificar. A gruta do Canta Galo, na localidade, que dizem ser habitada por “Cumade Fulozinha”, segundo os agricultores, foi construída por alienígenas, em um passado distante.
Esses fenômenos, em algumas cidades paraibanas, são mais comuns do que se imagina. O Centro Paraibano de Ufologia, fundado em 1997, em João Pessoa, faz uso de parâmetros internacionais para estimar em 35 mil o número de pessoas, no Estado, que já tiveram contato, mesmo que visual, com objetos voadores não identificados (OVNIs). Os estudos indicam, inclusive, que a Paraíba é cortada por vários corredores ufológicos.
A reportagem do JORNAL DA PARAÍBA, em dois dias, percorreu quase 600 quilômetros coletando depoimentos e imagens de pessoas que viram ou simplesmente estudam o que acreditam ser discos voadores. O roteiro incluiu João Pessoa, Mamanguape, Rio Tinto, Baía da Traição, Bananeiras, Guarabira e Ingá. Depoimentos emocionantes e histórias incríveis foram a marca da viagem.
Corredor ufológico corta a PB
As respostas para os questionamentos sobre o porquê de tantas aparições de OVNIs na Paraíba são muitas, porém, a que tem ganhado mais força entre os ufólogos é a de que o Estado é cortado por corredores ufológicos, mais conhecidos por linhas ortotênicas. Essa teoria, de acordo com o presidente do Centro Paraibano de Ufologia, Gilberto Santos, explica o fato dos avistamentos serem mais comuns em 19 cidades do Estado.A teoria das linhas ortotênicas, criadas a partir das observações de OVNIs, de acordo com Gilberto Santos, indicam que, em geral, as naves seguem seu percurso em linha reta. Por isso, um Ovni avistado em Mamanguape, por exemplo, em poucos minutos, será avistado nas cidades de Bananeiras, São Mamede, Malta e Coremas, percorrendo todo o Estado. “Os relatos que recebemos confirmam essas seqüências”, explicou.
Mas por que a Paraíba ganhou destaque em meio aos estudos ufológicos, chamando a atenção de estudiosos de todo o mundo? O presidente do Grupo de Estudo Ufológico Místico (Geum), o físico Lúcio Athayde, revela que a passagem de OVNIs pelo Estado e, em especial, por Mamanguape, não pode ser considerada uma coisa aleatória. “A ciência já tem as explicações para tudo isso”, disse o presidente do grupo, fundado em 1982.
Dono de uma biblioteca composta por mais de mil livros e documentos sobre física e astrofísica, Athayde usa a teoria do Corredor Bavic para explicar o fenômeno. “As naves viajam pelo espaço através de campos magnéticos, conhecidos como Cinturões de Vaalen, que convergem, no caso da Terra, para o Pólo Norte, que é justamente por onde os OVNIs entram no planeta”, explicou.
Athayde disse que, após penetrarem na atmosfera, os discos voadores passam pelas Ilhas Britânicas, Noroeste da África e entram na América do Sul por Natal, no Rio Grande do Norte. Então passam por Mamanguape e seguem em direção a Pontaporã, no Mato Grosso, de onde vão para a Terra do Fogo, na Argentina, e, em seguida, para o Pólo Sul. Vale lembrar que, em qualquer ponto do percurso, as naves podem seguir à direita ou à esquerda e ir para qualquer ponto do planeta.
Céu de Guarabira é palco de observação
As histórias de pessoas que acreditam ter avistado discos voadores são comuns em praticamente todas as cidades paraibanas, porém algumas em especial chamam a atenção pelo número de pessoas que dizem ter presenciado os fenômenos. É o caso, por exemplo, de Guara-bira, onde 60% da população garante já ter visto o que acreditam ser objetos voadores não identificados.Os integrantes da Equipe de Pesquisas Ufológicas de Guara-bira (Epug) lembram que o maior número de fenômenos, na cidade, foi registrado em 1996. “Naquela época, não se sabe por que, os registros de avistamentos de OVNIs na cidade eram quase que diários”, recordou o ufólogo Wellington Francisco de Lima. “Houve muita aparição, mas agora, ao que parece, elas viraram raridade”, acrescentou.
Wellington lembrou que, naquele ano, uma nave com formato triangular projetou uma sombra sobre uma das principais avenidas da cidade, por volta da meia-noite, levando pânico a grande parte da população, que serviu como testemunha ocular. “Muita gente achou que o mundo ia se acabar”, disse, salientando que, apesar de todo o pânico, ninguém registrou através de imagens (fotos ou vídeo) a passagem desse OVNI.
Ninguém sabe explicar, mas, a partir desse fato, não pararam os relatos de avistamentos e até supostas abduções registradas em Guarabira e cidades vizinhas, a exemplo de Bananeiras. As maiores evidências foram gravadas, em vídeo, pelo ufólogo Marcos Antônio da Silva, que atualmente se recusa a dar entrevistas sobre o assunto. Ele tem registrado nada menos que 64 horas de gravações de possíveis aparições de OVNIs na região.
As fitas, de acordo com Wellington, chegaram a ser examinadas por técnicos do Instituto Técnico, Aeroespacial de São José dos Campos, que emitiram um laudo informando que “as naves registradas nos vídeos, em Guarabira, não são convencionais”. “Isso é a maior evidência de que as imagens são verdadeiras, pois nunca foram desmentidas em nenhum congresso de ufologia do mundo”, salientou o ufólogo.
Tratorista é perseguido por nave
As cidades de Guarabira, Mamanguape, Bananeiras, João Pessoa e Sousa serviram de palco para algumas das mais espetaculares histórias de pessoas que foram ou quase chegaram a ser abduzidas. As ocorrências, de acordo com os ufólogos, são mais comuns na zona rural, longe da “loucura” das cidades. Nestes locais, de acordo com Lúcio Athayde, são registrados os casos mais surpreendentes.Athayde explicou que as aparições de OVNIs são comuns em todo o Vale do Mamanguape. Ele explicou que as naves vêm sempre do Norte para o Sul, em linha reta e fazendo ziguezague. “Durante anos de observações pudemos notar que, em Mamanguape, uma nave passa por volta das 18h30 em direção à cascata e, ao se aproximar da Gruta do Holandês, desaparece na mata”, explicou.
O mais interessante, segundo Lúcio Athayde, é que, de acordo com relatos da população local, outro Ovni faz o mesmo percurso por volta das 23h30 e, ao chegar à Gruta do Holandês, pára em cima da mata. Nesse momento, o primeiro Ovni sobe e, a cerca de 50 metros do chão, eles se acoplam e seguem ou para o Leste (em direção à Baía da Traição) ou para Oeste (rumo a Guarabira).
Os relatos do ufólogo foram confirmados, in loco, pela reportagem do JORNAL DA PARAÍBA, que, ao chegar à comunidade de Pindobal, onde está localizada a Gruta, ouviu da população várias histórias de aparições de supostos discos voadores. A mais surpreendente delas foi contada pelo tratorista José Francisco Irmão (Seu Deda), hoje com 51 anos, que contou o que teria sido o momento mais apavorante de sua vida.
Francisco lembrou que, em 1985, ele estava arando a terra, em conjunto com outros cinco tratoristas, quando avistou uma luz azulada e de um brilho extremamente forte. A luz foi aumentando de tamanho muito rapidamente, levando terror a todos, que, desligaram os faróis e correram para baixo dos tratores. “Tudo tava tão claro que dava pra encontrar uma agulha no chão”, recordou o tratorista.
Após alguns minutos, de acordo com Francisco, a suposta nave foi embora. Era por volta das 21 horas. Eles então religaram as máquinas e voltaram ao trabalho, meia hora após o susto. “Só que bastava ligar a luz do trator, pra o disco voador voltar e a gente correr de novo pra baixo da máquina”, disse, lembrando que o fenômeno continuou até as 4 horas da manhã do dia seguinte.
Fonte: Jornal da Paraíba
Artigo gentilmente enviado por Fabiano Vidal