Pesquisa
feita com voluntários que alegam ter visto óvnis ou alienígenas aponta
que esse tipo de relato não está associado a transtornos mentais.
Análise da personalidade dessas pessoas índica que elas são mais abertas
a novas sensações e têm maior curiosidade intelectual.
Por: Mariana Rocha em 22/05/2012
Os
relatos de contato com seres extraterrestres são comumente
classificados como alucinações. Mas, segundo pesquisa feita na USP, eles
não estão associados a transtornos mentais.(imagem: Christian Fausto
Bernal/Flickr - CC BY-SA 2.0)
Naves
arredondadas ou cilíndricas, luzes que atravessam o céu, contato com
seres humanoides. O que parece um típico cenário de ficção científica
compõe os relatos dos participantes de uma pesquisa que procura
identificar a relação entre transtornos mentais e experiências com
extraterrestres.
O estudo,
realizado durante o mestrado do psicólogo Leonardo Martins no Instituto
da Universidade de São Paulo, avaliou 46 pessoas que dizem ter tido
contato com óvnis ou alienígenas e mostrou que elas não exibem
indicadores de doenças psiquiátricas.
Para que o
psicólogo chegasse a essa conclusão, os participantes responderam um
extenso questionário capaz de identificar características de distúrbios
como esquizofrenia, ansiedade e transtorno bipolar. As mesmas perguntas
foram aplicadas a 46 pessoas que afirmam nunca ter tido experiências com
seres extraterrestres.
Além de
mostrar que os relatos dos voluntários não são fruto de alucinações
causadas por transtornos mentais, o estudo revela que tais pessoas podem
se tornar psicologicamente mais saudáveis após supostas experiências de
abdução ou contato com óvnis.
Segundo
Martins, esse tipo de experiência pode levar o protagonista a atribuir
um sentido maior à própria existência e a alimentar crenças que o ajudam
a enfrentar as dificuldades cotidianas, o que pode torná-lo menos
suscetível a transtornos psiquiátricos. Mas o pesquisador
ressalta:"Ainda assim, o evento também pode ser traumático. A reação de
cada um depende de uma série de variáveis".
Em busca do novo
Outro
questionário aplicado pelo psicólogo avaliou características da
personalidade de todos os participantes do estudo, como a busca por
sensações, a tendência a pensamentos fantasiosos e a abertura a novas
experiências.
Os
resultados mostram que aqueles que relatam terem tido contato com
extraterrestres são mais abertos a novas sensações, mas não têm
tendência a pensar de maneira fantasiosa. Tais pessoas também têm maior
curiosidade intelectual, além de gosto por desafios mentais e temas
filosóficos.
Desenho
feito por um dos participantes da pesquisa para descrever seus relatos
de contato com seres extraterrestres. Segundo o voluntário, o alienígena
tinha a pele grossa e vermelha e apenas um olho no meio da testa.
Associar
relatos de contatos com alienígenas à ocorrência de transtornos mentais é
bastante comum na sociedade. Durante a pesquisa, um voluntário falou
sobre a reação negativa das pessoas quando ouviam sobre sua
experiência:"A primeira coisa que você sente quando o mundo inteiro bate
de frente com você é que você é louco. Diante das experiências que
vivenciei, se tivessem me perguntado se eu queria, eu não teria querido,
porque eu queria ser uma pessoa comum, normal".
Martins
revela que a maioria dos participantes, apesar de ter sua
sanidade questionada, não buscou ajuda de profissionais da saúde. "Eles
não tiveram motivos para procurar ajuda, pois levam uma vida normal."
O
psicólogo ressalta que a pesquisa não busca comprovar a existência de
vida fora da terra, mas entender a organização psicológica de pessoas
que alegam contatos com supostos seres de outros planetas. "Mesmo que
visitas de alienígenas sejam, a princípio, possíveis, ainda é preciso
considerar a possibilidade de que as experiências possuam explicações
terrenas."
Fonte: cienciahoje.uol.com.br